sábado, 8 de março de 2014

DEUS NOS CONVIDA

O convite de Deus no tempo da quaresma é para a vivermos uma vida disciplinada, sem a qual é impossível a conquista da vigilância. As duas são realidades que se completam,para conquistarmos o equilíbrio das nossas emoções nas relações que vão se sucedendo ao longo de nossas vidas.

Quando buscamos e encontramos a disciplina, encontramos aí tempo que nos é devido para a grande comunhão, intimidade com o nosso Deus, encontrando forças e meios possíveis no combate àqueles que buscam a todo custo manear contra os que são do bem. 
Muitas vezes, ao invés de falarmos com humildade, reconhecendo nossas limitações, gritamos assustadoramente, desesperadamente por Deus, nos convencendo de que tal atitude vai amolecer o coração de Deus a nosso respeito, pedindo socorro.

Ora, todos temos a experiência de que tal comportamento nem sempre é atendido por Ele, o que para os que longe d'Ele estão, é uma decepção. Não vendo que a todo instante estamos O decepcionando. Nascendo daí  uma grande revolta, culpabilizando-O assim pelos desacertos e desencontros da sua vida. E, ao invés de se aproximar mais d'Ele, vendo a oração, o perdão, o jejum e a penitência como meios eficazes na luta contra o mal, vai se afastando sempre mais, criando dentro e fora de si um grande abismo, tornando-se uma pessoa insuportável em suas relações, com atitudes e reações as mais diversificadas e destruidoras.

A disciplina, quando na dimensão da fé, só nos aproxima de Deus nos fazendo seres providentes; mais pacientes, compassivos, e assim naquele dia, ao invocarmos o Senhor, Ele nos ouvirá. Não somente, mas nos guiará para o lugar, longe dos precipícios, Ele responderá: "Eis-me aqui"! E com o salmista, dizermos: "Em voz alta suplico ao Senhor; derramo na sua presença o lamento da minha aflição, diante d'Ele coloco minha dor. Não esqueçamos jamais, mas mesmo assim, não basta somente sabermos, se faz mais que necessário o cumprimento daquilo que por Ele é visto e conhecido, e por nós é visível aos nossos olhos.

quinta-feira, 6 de março de 2014

A CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2014

Todos os anos, no período da quaresma, a Igreja Católica lança a Campanha da Fraternidade com um tema novo. O Objetivo é despertar nos fiéis a solidariedade acerca de determinado problema vivido pela sociedade. Este ano, a campanha vai trabalhar o tráfico humano como tema.  Durante o período da campanha, os católicos vão estudar e escolher as ações de combate ao trabalho escravo a partir deste tema.

O termo parece-me um tanto ambíguo, tendo em vista tantos temas de grande relevância, os quais mutas vezes dão por encerrado em razão dos muitos outros nas atividades pastorais. Estes temas também podem ser vistos e encarados como pano de fundo para que partindo deles outros possam ser desenvolvidos. Até porque são assuntos inesgotáveis, exatamente por se tratar de problemáticas que envolve o ser humano nas mais diversas realidades  culturais e étnicas.

Quando surge determinado tema é porque já se vem pensando e refletindo sobre algo que desde muito incomoda e prejudica uma boa parte da população, principalmente os mais simples e humildes, para não se dizer, em alguns casos a minoria. E aqui poderíamos elencar uma série de situações e instâncias prejudicadas. E todos, de uma certa forma, tendo como base o poder econômico, máquina escravizadora do ser espécie humana.

Estudamos nas escolas que o Brasil foi liberto da escravidão. O que parece na verdade é que, como quase tudo é teoria, retórica, houve apenas uma força de expressão,porque a escravidão branca continua até hoje, e o pior em todos os setores da nossa sociedade, é como se não tivéssemos pensamento ou não soubéssemos pensar, muito menos agir. É uma vida contida, como se fosse uma panela de pressão,porque a qualquer momento pode explodir.

Ora, o tráfico humano, de inocentes, e aqui não se trata somente de  criança inocentes, mas de adultos, adolescente, jovens e idosos que já perderam sua dignidade, fruto de uma educação e de meio de produtividade falidos, ficando estes a mercê dos espertalhões, muitos deles advindo de outros países com falsas promessas.

É bom sabermos que o tráfico tem uma amplitude, um leque escancarado tomando posse de todos os âmbitos da sociedade. São eles: tráfico de influência nos mais diversos poderes; tráfico de drogas, esparrados em quase toda a sociedade, bem como nos mais diversos poderes; tráfico de crianças, adolescentes, jovens e idosos; tráfico de trabalho escravo. Quem não conhece a história dos boias - fria que deixam suas terras, sua pátria para se sujeitarem aos piores e maiores maus tratos, tentando ganhar o pão de cada dia, principalmente aqueles que provindo do nordeste do pais? Sim, aqueles que fizeram crescer o sul do pais, e que hoje continuam sendo marginalizados. E por que também não lembrar aqueles que migram para outros países em busca de melhores condições de vida, cujo direito de cidadania até hoje não foi reconhecido?

Vejo que é chegado o momento de todos nós, iluminados pelos ensinamentos de Jesus Cristo, nos tornamos profetas, mas não somente agora, no verdor da Campanha da Fraternidade, mas criamos um grande movimento em favor dos marginalizados, dos excluídos; de fazermos valer o nosso direito de cristãos e de cidadãos conscientes do nosso papel, da nossa missão.


“O cartaz quer refletir a crueldade do tráfico humano. As mãos acorrentadas e estendidas simbolizam a situação de dominação e exploração dos irmãos e irmãs traficados e o seu sentimento de impotência perante os traficantes. A mão que sustenta as correntes representa a força coercitiva do tráfico, que explora vítimas que estão distantes de sua terra, de sua família e de sua gente”.

quarta-feira, 5 de março de 2014

DIA DE HUILDADE

Não devemos ver a quarta feira de CINZAS, como se fosse um dia qualquer, como as demais quartas feiras que já passaram, bom como as demais de tantos anos. As Igrejas no dia de hoje ficam superlotadas, mutos com aquela falsa ideia de que colocando aquela cruz de cinzas na cabeça, vai perdoar os pecados dos dias anteriores, ou mais precisamente, o carnaval. Não é para isto que se distribui as cinzas na quarta feira, período de preparação para o grande tempo, chamado QUARESMA. É bem verdade que os dias anteriores não invalidam as boas intenções de quem quer mudar algo que tenha cometido de errado. Este gesto é de uma grandeza imensurável, onde podemos meditar na nossa condição de seres humanos frágeis e limitados, e que agora temos 40 dias de preparação, com orações, jejuns, penitência...para nos emendarmos de nossos erros, para melhor nos prepararmos para a vinda de Jesus, para a  qual não estamos muito longe. É um tempo em que devemos nos recolher mais ainda, no reconhecimento da nossa natureza, da pessoa do nosso próximo e, acima
de tudo quem é Deus para cada um de nós. É um tempo para  procurarmos mais honrar o nome de Deus, e descobrirmos o Deus da Bíblia, nos Evangelhos, onde Ele nos fala de forma tão clara, confirmando também ao olharmos a natureza por Ele criada. É um tempo de encontrarmos nos santos evangelhos o alimento, a força...para as nossas vidas. "O Evangelho é o verdadeiro antídoto contra a miséria espiritual: o cristão é chamado a levar a todo o ambiente o anúncio libertador de que existe o perdão do mal cometido, de que Deus é maior que o nosso pecado e nos ama gratuitamente e sempre, e de que estamos feitos para a comunhão e a vida eterna. O Senhor convida-nos a sermos jubilosos anunciadores desta mensagem de misericórdia e esperança"(Papa Francisco).