Leia abaixo a íntegra do discurso:
Amados Irmãos no Episcopado,
Leia abaixo a íntegra do discurso:
Amados Irmãos no Episcopado,
Para vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus
Cristo» (2 Cor 1, 2). Desejo antes de mais nada agradecer a Deus pelo
vosso zelo e dedicação a Cristo e à sua Igreja que cresce no Regional
Nordeste 5. Lendo os vossos relatórios, pude dar-me conta dos problemas
de caráter religioso e pastoral, além de humano
e social, com que deveis medir-vos diariamente. O quadro geral tem as
suas sombras, mas tem também sinais de esperança, como Dom Xavier Gilles
acaba de referir na saudação que me dirigiu, dando livre curso aos
sentimentos de todos vós e do vosso povo.
Como sabeis, nos sucessivos encontros com os diversos Regionais da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, tenho sublinhado diferentes
âmbitos e respectivos agentes do multiforme serviço evangelizador e
pastoral da Igreja na vossa grande Nação; hoje, gostaria de falar-vos de
como a Igreja, na sua missão de fecundar e fermentar a sociedade humana
com o Evangelho, ensina ao homem a sua dignidade de filho de Deus e a
sua vocação à união com todos os homens, das quais decorrem as
exigências da justiça e da paz social, conforme à sabedoria divina.
Entretanto, o dever imediato de trabalhar por uma ordem social justa é
próprio dos fiéis leigos, que, como cidadãos livres e responsáveis, se
empenham em contribuir para a reta configuração da vida social, no
respeito da sua legítima autonomia e da ordem moral natural (cf.Deus
caritas est, 29). O vosso dever como Bispos junto com o vosso clero é
mediato, enquanto vos compete contribuir para a purificação da razão e o
despertar das forças morais necessárias para a construção de uma
sociedade justa e fraterna. Quando, porém, os direitos
fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem, os pastores
têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas
(cf. GS, 76).
Ao formular esses juízos, os pastores devem levar em conta o valor
absoluto daqueles preceitos morais negativos que declaram moralmente
inaceitável a escolha de uma determinada ação intrinsecamente má e
incompatível com a dignidade da pessoa; tal escolha não pode ser
resgatada pela bondade de qualquer fim, intenção, conseqüência ou
circunstância. Portanto, seria totalmente falsa e ilusória
qualquer defesa dos direitos humanos políticos, econômicos e sociais que
não compreendesse a enérgica defesa do direito à vida desde a concepção
até à morte natural (cf. Christifideles laici, 38).
Além disso no quadro do empenho pelos mais fracos e os mais
indefesos, quem é mais inerme que um nascituro ou um doente em estado
vegetativo ou terminal? Quando os projetos políticos contemplam,
aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto ou da eutanásia, o
ideal democrático – que só é verdadeiramente tal quando reconhece e
tutela a dignidade de toda a pessoa humana – é atraiçoado nas suas bases
(cf. Evangelium vitæ, 74). Portanto, caros Irmãos no episcopado, ao
defender a vida «não devemos temer a oposição e a impopularidade,
recusando qualquer compromisso e ambigüidade que nos conformem com a
mentalidade deste mundo» (ibidem, 82).
Além disso, para melhor ajudar os leigos a viverem o seu empenho
cristão e sócio-político de um modo unitário e coerente, é «necessária —
como vos disse em Aparecida — uma catequese social e uma adequada
formação na doutrina social da Igreja, sendo muito útil para isso o
“Compêndio da Doutrina Social da Igreja”» (Discurso inaugural da V
Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, 3). Isto
significa também que em determinadas ocasiões, os pastores devem mesmo
lembrar a todos os cidadãos o direito, que é também um dever, de usar
livremente o próprio voto para a promoção do bem comum (cf. GS, 75).
Neste ponto, política e fé se tocam. A fé tem, sem dúvida, a sua
natureza específica de encontro com o Deus vivo que abre novos
horizontes muito para além do âmbito próprio da razão. «Com efeito, sem a
correção oferecida pela religião até a razão pode tornar-se vítima de
ambigüidades, como acontece quando ela é manipulada pela ideologia, ou
então aplicada de uma maneira parcial, sem ter em consideração
plenamente a dignidade da pessoa humana» (Viagem Apostólica ao Reino
Unido, Encontro com as autoridades civis, 17-IX-2010).
Só respeitando, promovendo e ensinando incansavelmente a natureza
transcendente da pessoa humana é que uma sociedade pode ser construída.
Assim, Deus deve «encontrar lugar também na esfera pública, nomeadamente
nas dimensões cultural, social, econômica e particularmente política»
(Caritas in veritate, 56). Por isso, amados Irmãos, uno a minha voz à
vossa num vivo apelo a favor da educação religiosa, e mais concretamente
do ensino confessional e plural da religião, na escola pública do
Estado.
Queria ainda recordar que a presença de símbolos religiosos
na vida pública é ao mesmo tempo lembrança da transcendência do homem e
garantia do seu respeito. Eles têm um valor particular, no caso
do Brasil, em que a religião católica é parte integral da sua história.
Como não pensar neste momento na imagem de Jesus Cristo com os braços
estendidos sobre a baía da Guanabara que representa a hospitalidade e o
amor com que o Brasil sempre soube abrir seus braços a homens e mulheres
perseguidos e necessitados provenientes de todo o mundo? Foi nessa
presença de Jesus na vida brasileira, que eles se integraram
harmonicamente na sociedade, contribuindo ao enriquecimento da cultura,
ao crescimento econômico e ao espírito de solidariedade e liberdade.
Amados Irmãos, confio à Mãe de Deus e nossa, invocada no
Brasil sob o título de Nossa Senhora Aparecida, estes anseios da Igreja
Católica na Terra de Santa Cruz e de todos os homens de boa
vontade em defesa dos valores da vida humana e da sua transcendência,
junto com as alegrias e esperanças, as tristezas e angústias dos homens e
mulheres da província eclesiástica do Maranhão. A todos coloco sob a
Sua materna proteção, e a vós e ao vosso povo concedo a minha Benção
Apostólica.
Para vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus
Cristo» (2 Cor 1, 2). Desejo antes de mais nada agradecer a Deus pelo
vosso zelo e dedicação a Cristo e à sua Igreja que cresce no Regional
Nordeste 5. Lendo os vossos relatórios, pude dar-me conta dos problemas
de caráter religioso e pastoral, além de humano
e social, com que deveis medir-vos diariamente. O quadro geral tem as
suas sombras, mas tem também sinais de esperança, como Dom Xavier Gilles
acaba de referir na saudação que me dirigiu, dando livre curso aos
sentimentos de todos vós e do vosso povo.
Como sabeis, nos sucessivos encontros com os diversos Regionais da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, tenho sublinhado diferentes
âmbitos e respectivos agentes do multiforme serviço evangelizador e
pastoral da Igreja na vossa grande Nação; hoje, gostaria de falar-vos de
como a Igreja, na sua missão de fecundar e fermentar a sociedade humana
com o Evangelho, ensina ao homem a sua dignidade de filho de Deus e a
sua vocação à união com todos os homens, das quais decorrem as
exigências da justiça e da paz social, conforme à sabedoria divina.
Leia abaixo a íntegra do discurso:
Amados Irmãos no Episcopado,
Para vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus
Cristo» (2 Cor 1, 2). Desejo antes de mais nada agradecer a Deus pelo
vosso zelo e dedicação a Cristo e à sua Igreja que cresce no Regional
Nordeste 5. Lendo os vossos relatórios, pude dar-me conta dos problemas
de caráter religioso e pastoral, além de humano
e social, com que deveis medir-vos diariamente. O quadro geral tem as
suas sombras, mas tem também sinais de esperança, como Dom Xavier Gilles
acaba de referir na saudação que me dirigiu, dando livre curso aos
sentimentos de todos vós e do vosso povo.
Como sabeis, nos sucessivos encontros com os diversos Regionais da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, tenho sublinhado diferentes
âmbitos e respectivos agentes do multiforme serviço evangelizador e
pastoral da Igreja na vossa grande Nação; hoje, gostaria de falar-vos de
como a Igreja, na sua missão de fecundar e fermentar a sociedade humana
com o Evangelho, ensina ao homem a sua dignidade de filho de Deus e a
sua vocação à união com todos os homens, das quais decorrem as
exigências da justiça e da paz social, conforme à sabedoria divina.
Entretanto, o dever imediato de trabalhar por uma ordem social justa é
próprio dos fiéis leigos, que, como cidadãos livres e responsáveis, se
empenham em contribuir para a reta configuração da vida social, no
respeito da sua legítima autonomia e da ordem moral natural (cf.Deus
caritas est, 29). O vosso dever como Bispos junto com o vosso clero é
mediato, enquanto vos compete contribuir para a purificação da razão e o
despertar das forças morais necessárias para a construção de uma
sociedade justa e fraterna. Quando, porém, os direitos
fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem, os pastores
têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas
(cf. GS, 76).
Ao formular esses juízos, os pastores devem levar em conta o valor
absoluto daqueles preceitos morais negativos que declaram moralmente
inaceitável a escolha de uma determinada ação intrinsecamente má e
incompatível com a dignidade da pessoa; tal escolha não pode ser
resgatada pela bondade de qualquer fim, intenção, conseqüência ou
circunstância. Portanto, seria totalmente falsa e ilusória
qualquer defesa dos direitos humanos políticos, econômicos e sociais que
não compreendesse a enérgica defesa do direito à vida desde a concepção
até à morte natural (cf. Christifideles laici, 38).
Além disso no quadro do empenho pelos mais fracos e os mais
indefesos, quem é mais inerme que um nascituro ou um doente em estado
vegetativo ou terminal? Quando os projetos políticos contemplam,
aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto ou da eutanásia, o
ideal democrático – que só é verdadeiramente tal quando reconhece e
tutela a dignidade de toda a pessoa humana – é atraiçoado nas suas bases
(cf. Evangelium vitæ, 74). Portanto, caros Irmãos no episcopado, ao
defender a vida «não devemos temer a oposição e a impopularidade,
recusando qualquer compromisso e ambigüidade que nos conformem com a
mentalidade deste mundo» (ibidem, 82).
Além disso, para melhor ajudar os leigos a viverem o seu empenho
cristão e sócio-político de um modo unitário e coerente, é «necessária —
como vos disse em Aparecida — uma catequese social e uma adequada
formação na doutrina social da Igreja, sendo muito útil para isso o
“Compêndio da Doutrina Social da Igreja”» (Discurso inaugural da V
Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, 3). Isto
significa também que em determinadas ocasiões, os pastores devem mesmo
lembrar a todos os cidadãos o direito, que é também um dever, de usar
livremente o próprio voto para a promoção do bem comum (cf. GS, 75).
Neste ponto, política e fé se tocam. A fé tem, sem dúvida, a sua
natureza específica de encontro com o Deus vivo que abre novos
horizontes muito para além do âmbito próprio da razão. «Com efeito, sem a
correção oferecida pela religião até a razão pode tornar-se vítima de
ambigüidades, como acontece quando ela é manipulada pela ideologia, ou
então aplicada de uma maneira parcial, sem ter em consideração
plenamente a dignidade da pessoa humana» (Viagem Apostólica ao Reino
Unido, Encontro com as autoridades civis, 17-IX-2010).
Só respeitando, promovendo e ensinando incansavelmente a natureza
transcendente da pessoa humana é que uma sociedade pode ser construída.
Assim, Deus deve «encontrar lugar também na esfera pública, nomeadamente
nas dimensões cultural, social, econômica e particularmente política»
(Caritas in veritate, 56). Por isso, amados Irmãos, uno a minha voz à
vossa num vivo apelo a favor da educação religiosa, e mais concretamente
do ensino confessional e plural da religião, na escola pública do
Estado.
Queria ainda recordar que a presença de símbolos religiosos
na vida pública é ao mesmo tempo lembrança da transcendência do homem e
garantia do seu respeito. Eles têm um valor particular, no caso
do Brasil, em que a religião católica é parte integral da sua história.
Como não pensar neste momento na imagem de Jesus Cristo com os braços
estendidos sobre a baía da Guanabara que representa a hospitalidade e o
amor com que o Brasil sempre soube abrir seus braços a homens e mulheres
perseguidos e necessitados provenientes de todo o mundo? Foi nessa
presença de Jesus na vida brasileira, que eles se integraram
harmonicamente na sociedade, contribuindo ao enriquecimento da cultura,
ao crescimento econômico e ao espírito de solidariedade e liberdade.
Amados Irmãos, confio à Mãe de Deus e nossa, invocada no
Brasil sob o título de Nossa Senhora Aparecida, estes anseios da Igreja
Católica na Terra de Santa Cruz e de todos os homens de boa
vontade em defesa dos valores da vida humana e da sua transcendência,
junto com as alegrias e esperanças, as tristezas e angústias dos homens e
mulheres da província eclesiástica do Maranhão. A todos coloco sob a
Sua materna proteção, e a vós e ao vosso povo concedo a minha Benção
Apostólica.
Entretanto, o dever imediato de trabalhar por uma ordem social justa é
próprio dos fiéis leigos, que, como cidadãos livres e responsáveis, se
empenham em contribuir para a reta configuração da vida social, no
respeito da sua legítima autonomia e da ordem moral natural (cf.Deus
caritas est, 29). O vosso dever como Bispos junto com o vosso clero é
mediato, enquanto vos compete contribuir para a purificação da razão e o
despertar das forças morais necessárias para a construção de uma
sociedade justa e fraterna. Quando, porém, os direitos
fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem, os pastores
têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas
(cf. GS, 76).
Ao formular esses juízos, os pastores devem levar em conta o valor
absoluto daqueles preceitos morais negativos que declaram moralmente
inaceitável a escolha de uma determinada ação intrinsecamente má e
incompatível com a dignidade da pessoa; tal escolha não pode ser
resgatada pela bondade de qualquer fim, intenção, conseqüência ou
circunstância. Portanto, seria totalmente falsa e ilusória
qualquer defesa dos direitos humanos políticos, econômicos e sociais que
não compreendesse a enérgica defesa do direito à vida desde a concepção
até à morte natural (cf. Christifideles laici, 38).
Além disso no quadro do empenho pelos mais fracos e os mais
indefesos, quem é mais inerme que um nascituro ou um doente em estado
vegetativo ou terminal? Quando os projetos políticos contemplam,
aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto ou da eutanásia, o
ideal democrático – que só é verdadeiramente tal quando reconhece e
tutela a dignidade de toda a pessoa humana – é atraiçoado nas suas bases
(cf. Evangelium vitæ, 74). Portanto, caros Irmãos no episcopado, ao
defender a vida «não devemos temer a oposição e a impopularidade,
recusando qualquer compromisso e ambigüidade que nos conformem com a
mentalidade deste mundo» (ibidem, 82).
Além disso, para melhor ajudar os leigos a viverem o seu empenho
cristão e sócio-político de um modo unitário e coerente, é «necessária —
como vos disse em Aparecida — uma catequese social e uma adequada
formação na doutrina social da Igreja, sendo muito útil para isso o
“Compêndio da Doutrina Social da Igreja”» (Discurso inaugural da V
Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, 3). Isto
significa também que em determinadas ocasiões, os pastores devem mesmo
lembrar a todos os cidadãos o direito, que é também um dever, de usar
livremente o próprio voto para a promoção do bem comum (cf. GS, 75).
Neste ponto, política e fé se tocam. A fé tem, sem dúvida, a sua
natureza específica de encontro com o Deus vivo que abre novos
horizontes muito para além do âmbito próprio da razão. «Com efeito, sem a
correção oferecida pela religião até a razão pode tornar-se vítima de
ambigüidades, como acontece quando ela é manipulada pela ideologia, ou
então aplicada de uma maneira parcial, sem ter em consideração
plenamente a dignidade da pessoa humana» (Viagem Apostólica ao Reino
Unido, Encontro com as autoridades civis, 17-IX-2010).
Só respeitando, promovendo e ensinando incansavelmente a natureza
transcendente da pessoa humana é que uma sociedade pode ser construída.
Assim, Deus deve «encontrar lugar também na esfera pública, nomeadamente
nas dimensões cultural, social, econômica e particularmente política»
(Caritas in veritate, 56). Por isso, amados Irmãos, uno a minha voz à
vossa num vivo apelo a favor da educação religiosa, e mais concretamente
do ensino confessional e plural da religião, na escola pública do
Estado.
Queria ainda recordar que a presença de símbolos religiosos
na vida pública é ao mesmo tempo lembrança da transcendência do homem e
garantia do seu respeito. Eles têm um valor particular, no caso
do Brasil, em que a religião católica é parte integral da sua história.
Como não pensar neste momento na imagem de Jesus Cristo com os braços
estendidos sobre a baía da Guanabara que representa a hospitalidade e o
amor com que o Brasil sempre soube abrir seus braços a homens e mulheres
perseguidos e necessitados provenientes de todo o mundo? Foi nessa
presença de Jesus na vida brasileira, que eles se integraram
harmonicamente na sociedade, contribuindo ao enriquecimento da cultura,
ao crescimento econômico e ao espírito de solidariedade e liberdade.
Amados Irmãos, confio à Mãe de Deus e nossa, invocada no
Brasil sob o título de Nossa Senhora Aparecida, estes anseios da Igreja
Católica na Terra de Santa Cruz e de todos os homens de boa
vontade em defesa dos valores da vida humana e da sua transcendência,
junto com as alegrias e esperanças, as tristezas e angústias dos homens e
mulheres da província eclesiástica do Maranhão. A todos coloco sob a
Sua materna proteção, e a vós e ao vosso povo concedo a minha Benção
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